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“…Precisamos reinventar um esquema antigo, mas com parâmetros modernos, sempre que haja um conjunto de mulheres criando filhos. Não importa quantas, já que uma só mãe não consegue criar uma criança. Mas cinco mães juntas podem criar cem. O segredo está no conjunto, na solidariedade, na companhia e no apoio mútuo.

Nenhuma mulher deveria passar os dias sozinha, com uma criança nos braços. A maternidade é fácil quando estamos acompanhadas. Não julgadas, nem criticadas, nem aconselhadas. Simplesmente junto de outras pessoas, e na medida do possível, junto de outras mulheres que estejam experimentando o mesmo momento vital.

Quando as mulheres estão trocando conversas, brincadeiras, choros ou lembranças com outras mães, resulta muito mais leve permanecer com nossos filhos. No entanto, se estamos sozinhas, acreditamos que não somos capazes, e supomos que deveríamos deixar as crianças aos cuidados de outras pessoas para poder “ocupar-nos de nós mesmas”. Frequentemente não percebemos que o problema está na solidão de permanecer junto à criança. Não em nossa incapacidade de amá-los.

Por isso, insisto: é responsabilidade das mulheres reconhecer que precisamos voltar a ficar unidas. Entender que, se funcionarem coletivamente e dentro de circuitos femininos, a maternidade poderá ser muito mais doce e suave. E que uma “mãe sozinha” é aquela que não é compreendida, apoiada ou incentivada, embora conviva com muitas pessoas. E “mãe acompanhada” pode ser uma mulher solteira que conte com o aval de sua comunidade.” (Laura Gutman)